Sobre quadrinhos:
Estive recordando que um amigo não gosta muito da maneira como tratos exemplares de livros e quadrinhos, geralmente com uma espécie de desapego. Acontece que na minha tentativa de produzir quadrinhos, o valor final do produto nunca fez sentido pra mim - embora sim, haja sentido.
Acredito que o quadrinho devia estar como um utensílio, prático de ser feito, barato e super acessível. Voltando a ser um item comum, não só por suas histórias que teriam inúmeras, mas por sua acessibilidade econômica de um entretenimento como quadrinhos eram. Hoje quadrinhos parecem naturalmente item de colecionador, são caros e consequentemente mais cuidados - é algo que o formato informa.
Acontece que a visão que tenho é de que quadrinhos devem ser lidos até rasgarem. É o que eles transmitiram pra mim, é um item diferente de um livro, contém um certo frenesi em meios a roteiros e desenhos angulados para te levar daqui... ali. Então acredito que o quadrinho deve ser prático de ser produzido até o produto final, barato quanto a preços, mas de alto valor social.
Parece que ao ver os quadrinhos mofarem de tão velhos, percebi que eles estavam realmente usados, quase sem capa. Isso parece dizer algo, manuseado até o ponto final de fato. E acho isso genuíno. Por isso essa visão que tenho, de olhar pra baixo, fazendo histórias com amor para circularem em lares, bancas, praças, escolas.
Esse é meu apelo nos quadrinhos, criar itens que sejam manuseados, de mãos em mãos, antes que ninguém os leia.
Por achar isso importante, essa também é uma das visões da arnica estúdio quanto a Produtora/Editora de quadrinhos.
Jorrian